Cinegrafista recebe ameaça armada e é mantido refém por várias horas
Momentos de tensão. Espingardas apontadas na cabeça. Foices prontas para decapitação. Coração a mil. Agressão. Corpo ensanguentado. Este é apenas mais um dia na vida de um repórter cinematográfico. Esta história não foi registrada pela câmera do cinegrafista, mas foi sentida na pele.
Davi Ferreira é cinegrafista desde 1991. Ele já passou por muita coisa, muitas ameaças e experiências de emoções à flor da pele, constante perigo e muito medo. Apesar disso, Davi não trocaria a profissão, pois é seu amor.
Uma delas começou quando foi cumprir uma pauta de reportagem sobre o pessoal do movimento sem terra, em uma fazenda que foi tomada por eles. O objetivo era verificar as condições de sobrevivência do pessoal do MST.
A cobertura e filmagens já haviam começado quando perceberam um movimento incomum. Caminhonetes chegam. Pessoas armadas. O senso jornalístico apitou, indicando a necessidade de fazer imagens do que estava acontecendo além da pauta proposta. “Começaram a chegar os jagunços contratados pelos donos de fazenda para a retirada daqueles sem terra”.
Com a empolgação das filmagens, Davi acabou ficando no meio do possível confronto entre o pessoal do MST e os jagunços. “Quando os jagunços perceberam que havia imprensa ali, foram para cima retirar a câmera, pois não queriam uma prova de que estavam em uma milícia armada. Foi uma das primeiras vezes no Brasil que mostraram uma milícia fortemente armada”.
A fita cassete que realmente salvou as imagens, Davi guardou dentro da camisa. Na câmera colocou outra para que, se caso a pegassem, ainda tivesse as provas guardadas.
Davi Ferreira é um homem de estatura mediana e é magro. Ele foi agredido, jogado contra arame farpado, costas rasgadas, sendo ameaçado com uma espingarda, um integrante do movimento sem terra o salvou. “Ele chegou perto do jagunço com uma foice e disse ‘você larga ele, se não vou cortar o seu pescoço’”. Neste momento o cinegrafista aproveitou para sair correndo, mas continuou em meio aos sem terra.
Para Davi, tentar manter a calma nesses tipos de ação é o melhor a ser feito, mas apesar de tudo, pela profissão, por passar a informação da melhor forma possível, em quase trinta anos com a câmera nas mãos, passou e passaria por muitas dessas histórias.
Depois de algum tempo a Polícia Militar chegou, mobilizou a soltura dele e impediu a guerra que estava prestes a acontecer. Depois deste episódio, Davi foi parar em capas de jornais, foi entrevistado e comentado em emissoras nacionais e ainda virou personagem de crônica.
Quem é Davi Ferreira?
Davi Ferreira, tem graduação em Meio Ambiente, continua como repórter cinematográfico na Televisão Tarobá.
Reportagem: Ageiél Machado / Foto capa: Abet Llacer
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