Controversa reeleição de Maduro na Venezuela
Nas eleições mais disputadas em um quarto de século, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela concedeu a Nicolás Maduro mais um mandato de 6 anos com 51,2% dos votos. O anúncio, feito durante a madrugada, foi uma surpresa, contradizendo pesquisas que apontavam o opositor Edmundo González como favorito, com até 30 pontos de vantagem.
A oposição, acusando fraude, convocou a população a protestar pacificamente, afirmando que Edmundo González obteve 70% dos votos.
González foi escolhido quase no último momento, após a principal candidata da oposição ser impedida de concorrer e sua substituta ter a candidatura vetada pelo governo. Durante a semana de votação, Maduro criticou sistemas eleitorais e ordenou o fechamento das fronteiras, impedindo a presença de autoridades e observadores internacionais. Jornalistas também foram deportados.
Após o fechamento das urnas, venezuelanos tomaram as ruas e vigiaram os centros de votação durante a madrugada para auditar os resultados, temendo manipulação pelo governo. Com as atas sendo divulgadas, Edmundo González parecia acumular vitórias. Foi então que aliados de Maduro entraram em ação. Gangues pró-governo, armadas, passaram em frente aos locais de votação para intimidar eleitores. Relatos indicam um eleitor morto e vários feridos, além de vídeos mostrando urnas sendo roubadas antes da contagem dos votos.
O Conselho Nacional Eleitoral, controlado por apoiadores de Maduro, deu a vitória ao presidente com 51% dos votos. O fiscal general do CNE chegou a afirmar antes da eleição que todas as pesquisas eram fake news e que Maduro venceria. O governo alegou que o país sofreu uma “operação internacional de intervenção” e “ações terroristas” que atrasaram a contagem dos votos.
As principais democracias do mundo, independentemente de orientação política, declararam que a eleição não foi legítima nem transparente. Até janeiro, mês da posse, a vitória de Maduro está longe de ser amplamente reconhecida. O Brasil, aliado histórico de Maduro, enviou um assessor para acompanhar a votação, mas ainda não se pronunciou oficialmente.
A crise migratória na Venezuela, a maior das Américas, forçou mais de 7 milhões de pessoas a deixar o país desde 2015 devido à crise econômica e de segurança pública. O PIB do país encolheu 80% desde 2013.